AS RELAÇÕES ENTRE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E ALFABETIZAÇÃO

Tempo de leitura: 4 minutos

Existem muitos processos cognitivos que precisam ser desenvolvidos para que a alfabetização seja garantida: uma dessas habilidades essenciais é a consciência fonológica.

Pra começo de conversa, vamos visitar brevemente o conceito de metacognição. Trata-se de uma habilidade de aprender como nós mesmos aprendemos e tornar isso um processo consciente. Esta é uma capacidade que pode ser desenvolvida, sim, pelo educador – e daí a importância de nós, professores, conhecermos os processos de neurocognição, a fim de melhor auxiliarmos nossos alunos a entenderem como eles aprendem.

A partir desse conceito, partimos para consciência metalinguística, ou seja, a capacidade de refletir e analisar intencionalmente sobre a língua. Por exemplo, uma criança aprende a falar sem conhecer as unidades linguísticas, mas com a escrita ocorre de modo diferente: é importante conhecer e refletir sobre a linguagem para estar consciente e aprender de forma mais eficiente.

Consciência fonológica não se resume a ficar segmentando e repentindo palavras – não é sinônimo de método fônico. Abrange muitas outras habilidades que não são restritas à repetição de fonemas.

“Para aprender a ler e escrever é necessário que a criança tome consciência das relações entre os sons da fala e a sua representação gráfica” – Magda Soares

Dicas importantes:

  • Dissociar do conteúdo semântico das palavras
  • Ter sensibilidade para manipular as unidades linguísticas
  • Trabalhar desde a Educação Infantil
  • Fazer atividades com consciência de:
    • Rimas e aliterações
    • Sílabas
    • Palavras
    • Fonemas

Como trabalhar com estas diferentes consciências?

Em relação às rimas, é importante trabalhar com as consonantes (palavras que terminam com as mesmas letras, por exemplo, café e boné) e as assonantes (coincidência na vogal, mas consoantes diferentes, por exemplo, cachimbo e domingo). Portanto, devemos evitar falar para as crianças que as rimas só aparecem quando escrevemos palavras com o mesmo final.

  • Jogo com rimas (pode ser oral, escrito e com desenhos): “Coloquei o meu pião na minha _____”, “Lavo minha mão com água e ____”…;
  • Charadas: “Dica: todas terminarão com ão” – “Nome de fruta laranja por dentro”, “Onde esquentamos a comida”…

As aliterações são as repetições de sílabas ou fonemas iniciais, muito trabalhadas a partir de trava-linguas e parlendas (por exemplo, “O rato roeu a roupa do rei de Roma”).

Consciência silábica não é ficar repentindo mecanicamente as sílabas canônicas (ba, be, bi, bo, bu), mas tornar consciente o conhecimento da pauta sonora e saber que aquelas sílabas representam uma sonoridade.

  • Marcar sílaba com os dedos, adesivos, tampinhas de garrafa ou outro material concreto para identificar quantas vezes foram faladas;
  • Trabalhar com as diferentes formatações de sílabas (V+V, C+V, C+C+V…);
  • Jogo de dicas, sempre com a mesma sílaba inicial (por exemplo, “BA”): “O macaco come muito!”, “A mamãe usa na boca”, “Parte no corpo”;
  • Sequência de palavras dentro de um campo semântico: “leão, gato, elefante e ca…”, “régua, borracha, lápis e ca…”;
  • Subtração e adição de sílabas em palavras (o que acontece se eu tirar o “sa” de “sapato”?);
  • Dividir as palavras em sílabas e contar quantas divisões foram feitas;
  • Link do material “As letras falam”.

Consciência fonêmica é o processo mais complexo, pois trata-se da menor das unidades linguísticas. É o dar-se conta de que cada letra representa um som.

  • Subtrair ou adicionar fonemas;
  • Palavras iguais apenas com o primeiro fonema diferente (mola, bola, cola, gola…);
  • Leitura de frases onde os fonemas se repetem e pedir que os alunos identifiquem qual é;
  • Ditado fonético: a professora faz os sons os alunos escrevem a letra correspondente;
  • Contar o número de sons de cada sílaba.

Referências:

“Alfabetização, a questão dos métodos” – Magda Soares

“A escrita ortográfica na escola e na clínica” – Sônia Moojen

“Aprendizagem e desenvolvimento das habilidades auditivas: entendendo e praticando na sala de aula” – Mariângela Stampa.

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